Os modelos de remuneração de assessores de investimentos, fee fixo e commission based, apresentam características distintas que influenciam a relação entre o assessor e o cliente.
Cada um tem suas vantagens e desvantagens, e a escolha entre eles depende diretamente do perfil do investidor e de suas necessidades específicas.
Neste artigo, veja em detalhes como cada um desses modelos funciona, suas implicações e o que deve ser considerado ao optar por uma dessas abordagens.
Índice de conteúdo:
O que é o modelo de Fee Fixo?
O modelo fee fixo, também conhecido como fee based, é predominantemente utilizado em mercados mais maduros, como nos Estados Unidos e na Europa.
Nesse sistema, o assessor de investimentos é remunerado com base em um percentual previamente acordado que incide sobre o total do patrimônio investido pelo cliente. Esse percentual, geralmente, varia entre 0,4% e 1% ao ano, sendo a cobrança realizada mensalmente.
Diferentemente do modelo commission based, o fee fixo garante que a remuneração do assessor não dependa da venda de produtos financeiros específicos, mas sim do total de ativos sob sua gestão.
Vantagens do Fee Fixo
Aqui estão algumas das principais vantagens do fee fixo para assessoria de investimentos, que tornam esse modelo uma escolha atrativa para muitos investidores:
- Transparência: a clareza no modelo de fee fixo é um dos seus maiores atrativos. O cliente sabe antecipadamente quanto será cobrado pela assessoria, independentemente dos produtos sugeridos ou adquiridos. Isso gera uma relação de confiança, já que não há custos ocultos ou surpresas ao longo do processo. Além disso, com a nova Resolução CVM 179, que entrará em vigor, as assessorias serão obrigadas a divulgar suas formas de remuneração de maneira mais clara, permitindo que os investidores tenham mais confiança ao tomar suas decisões;
- Alinhamento de interesses: ao optar pelo fee fixo, o assessor é incentivado a recomendar produtos e estratégias que realmente atendam às necessidades do cliente, focando no crescimento de seu patrimônio. Como não há pressão para vender produtos específicos, a relação entre assessor e investidor se torna mais transparente e ética;
- Reversão de comissões: em alguns casos, as comissões que seriam pagas ao assessor por certos produtos podem ser devolvidas ao cliente, resultando em uma estrutura de remuneração mais eficiente. Isso gera ainda mais valor para o investidor, que se beneficia de um retorno financeiro maior e de um serviço com menor custo total;
- Possibilidade de cashback: algumas vezes, as comissões que o assessor receberia por vender determinados produtos financeiros podem ser revertidas ao cliente, reduzindo o custo total da assessoria e aumentando o retorno líquido do cliente;
- Previsibilidade de custos: os custos são previsíveis, permitindo que os investidores planejem suas finanças de forma eficaz. Com uma taxa fixa acordada, é possível ter um controle rigoroso sobre os gastos e evitar variações inesperadas;
- Economia para investimentos maiores: para investidores com patrimônio elevado, o modelo fee fixo pode ser mais econômico do que taxas variáveis baseadas em comissões, pois o custo não cresce proporcionalmente ao valor investido;
- Facilidade de comparação: a estrutura de cobrança fixa facilita a comparação de custos entre diferentes prestadores de serviços financeiros, permitindo ao investidor tomar decisões mais informadas sobre onde aplicar seus recursos;
- Acesso a orientação profissional: investidores iniciantes também se beneficiam da simplicidade do modelo fee fixo, que proporciona acesso à orientação de qualidade sem a complexidade de custos adicionais ou flutuações nas taxas.
Desvantagens do Fee Fixo
Embora o modelo de fee fixo ofereça várias vantagens, como transparência e alinhamento de interesses, também apresenta algumas desvantagens que os investidores devem considerar.
É essencial entender essas limitações para tomar uma decisão informada ao escolher um assessor de investimentos. A seguir, destacamos algumas das principais desvantagens desse modelo de remuneração.
- Acessibilidade limitada: para investidores com menor patrimônio, o fee fixo pode não ser uma opção tão atraente. As taxas cobradas podem representar uma parcela significativa do total investido, o que torna o modelo menos viável para pequenos investidores;
- Custo fixo elevado: embora haja alinhamento de interesses, o custo fixo pode ser relativamente alto, principalmente em casos onde o patrimônio do investidor ainda está em fase de acumulação. Nesses cenários, o percentual cobrado pode pesar mais do que em um modelo de comissão.
O que é o modelo de Commission Based?
O modelo commission based é mais comum em mercados como o Brasil. Neste sistema, a remuneração do assessor de investimentos está diretamente atrelada às comissões geradas pela venda de produtos financeiros.
Cada produto possui uma taxa de remuneração diferente, e o assessor é incentivado a maximizar a venda desses produtos.
Entretanto, essa abordagem pode gerar conflitos de interesse, uma vez que o assessor pode ser motivado a oferecer produtos que lhe tragam maior retorno em comissões, mas que nem sempre são os mais adequados para o cliente.
Vantagens do Commission Based
As vantagens do commission based também fomenta um ambiente de trabalho competitivo e dinâmico, onde os profissionais se sentem valorizados e reconhecidos por suas contribuições.
Veja as principais vantagens desse modelo, demonstrando como ele pode beneficiar tanto os colaboradores quanto as empresas.
- Flexibilidade: para investidores com menor capital inicial, o modelo commission based pode ser mais acessível, uma vez que não exige o pagamento de uma taxa fixa. O investidor não precisa desembolsar um valor pré-determinado para contratar o assessor, o que torna o modelo mais atrativo para quem está começando a investir;
- Remuneração atrelada ao desempenho de vendas: O assessor pode se beneficiar diretamente do sucesso em vender produtos financeiros, o que o motiva a ser mais proativo na busca por boas oportunidades de mercado, ainda que isso possa gerar conflitos de interesse, como veremos a seguir.
Desvantagens do Commission Based
Confira as principais desvantagens do commission based, destacando como esses aspectos podem impactar tanto os vendedores quanto as organizações.
- Conflitos de interesse: o principal problema do modelo commission based é o potencial conflito de interesses. Como o assessor é remunerado com base nas comissões, ele pode ser tentado a recomendar produtos que gerem maiores comissões para ele, mas que não necessariamente sejam os melhores para o cliente. Isso pode prejudicar o alinhamento entre os objetivos do cliente e as recomendações do assessor;
- Falta de transparência: no modelo commission based, muitas vezes o cliente não tem clareza sobre quanto está realmente pagando pelos serviços do assessor, já que os custos estão embutidos nas comissões dos produtos. Isso pode gerar desconfiança e dificultar a construção de uma relação transparente entre cliente e assessor.
Fee fixo e o commission based: Qual escolher?
A escolha entre o modelo fee fixo e o commission based depende diretamente do perfil do investidor, suas expectativas em relação à assessoria de investimentos, e a estratégia que deseja adotar para maximizar seus resultados. Ambos os modelos têm suas vantagens e desvantagens, e a decisão ideal vai depender das prioridades e objetivos de cada investidor.
O modelo de fee fixo é geralmente mais adequado para investidores com maior patrimônio ou aqueles que buscam uma assessoria financeira personalizada e totalmente transparente. Ao optar por uma taxa fixa anual, que varia de acordo com o montante investido, o investidor tem a segurança de que o assessor estará focado em oferecer recomendações alinhadas aos seus interesses e objetivos, sem depender da venda de produtos específicos para gerar comissões.
Isso reduz potenciais conflitos de interesse, garantindo um atendimento mais imparcial e centrado no cliente. Além disso, o fee fixo proporciona previsibilidade de custos, já que o valor é estabelecido previamente, independente das oscilações de mercado ou dos produtos recomendados.
Por outro lado, investidores que estão apenas começando ou que possuem um patrimônio menor podem preferir o modelo commission based, que oferece maior flexibilidade e não exige o pagamento de uma taxa fixa.
Nesse modelo, o assessor é remunerado com base nas comissões geradas pela distribuição de produtos financeiros, o que pode ser uma opção mais acessível para investidores que não querem comprometer parte de seus recursos em honorários fixos. No entanto, é importante que o investidor esteja ciente de que esse modelo pode criar incentivos para que o assessor recomende produtos com maiores comissões, potencialmente gerando conflitos de interesse.
Ainda assim, para quem está no início da jornada financeira, o commission based pode ser mais viável, principalmente se os custos totais forem menores e as comissões forem adequadas ao nível de investimento realizado.
A escolha entre os dois modelos deve ser ponderada de acordo com os objetivos financeiros, horizonte de tempo e o nível de acompanhamento desejado.
Investidores de longo prazo, que buscam construir uma carteira robusta e diversificada, podem se beneficiar da segurança e transparência do fee fixo, enquanto aqueles que preferem mais flexibilidade e menor custo imediato podem optar pelo commission based, desde que mantenham uma visão crítica sobre as recomendações recebidas.
O papel do consultor financeiro
O consultor financeiro atua na orientação dos investidores, ajudando-os a tomar decisões estratégicas e alinhadas aos seus objetivos financeiros e perfil de risco. Mais do que apenas recomendar produtos de investimento como ações, renda fixa ou fundos, esse profissional tem a responsabilidade de auxiliar na diversificação do portfólio, minimizando os riscos associados às oscilações do mercado.
Ao avaliar o cenário econômico e o perfil individual de cada investidor, o consultor financeiro oferece um suporte personalizado para maximizar o potencial de retorno, mesmo sem prometer rentabilidade garantida.
Esse acompanhamento constante não só melhora a performance do investidor, mas também traz mais segurança e confiança na tomada de decisões, contribuindo para uma trajetória financeira mais estável e eficiente.
Impacto da regulamentação e a tendência no Brasil
O Brasil, tradicionalmente marcado pelo uso do modelo commission based, está começando a adotar gradualmente o modelo fee fixo, seguindo a tendência de mercados mais maduros.
A crescente regulamentação no setor financeiro e a demanda por maior transparência têm favorecido essa transição. Investidores estão cada vez mais exigindo clareza sobre os custos associados à gestão de seus patrimônios, o que tem impulsionado a adoção de modelos mais transparentes como o fee fixo.
Além disso, com a maturidade do mercado brasileiro, é provável que o fee fixo continue a ganhar espaço, principalmente entre investidores de maior porte, que preferem uma abordagem alinhada com seus interesses de longo prazo.
Resolução CVM 179: Transparência e proteção ao investidor
A Resolução CVM 179, publicada em 14 de fevereiro de 2023 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), tem como objetivo aumentar a proteção e a transparência no mercado financeiro brasileiro.
Essa norma atualiza a regulamentação sobre a atuação dos assessores de investimento, estabelecendo novos padrões de conduta e divulgação de informações.
A Resolução CVM 179 entrou em vigor parcialmente em 1º de junho de 2023. No entanto, as obrigações referentes à transparência na remuneração foram adiadas, passando a valer a partir de 1º de novembro de 2024, conforme a Resolução CVM 196. A seguir, vamos destacar os principais pontos desta resolução.
- Substituição da Resolução 35/2021: a nova resolução atualiza e substitui a Resolução CVM n.º 35/2021, aprimorando as regras que regulam a atuação dos assessores de investimento e outros intermediários financeiros;
- Transparência na remuneração: a resolução enfatiza a necessidade de fornecer informações claras aos investidores sobre como os assessores são remunerados. Isso inclui a divulgação dos valores e formas de remuneração diretamente nos canais de transação utilizados pelos investidores;
- Combate ao conflito de interesses: para reduzir possíveis conflitos de interesse, a norma reforça que as recomendações feitas pelos assessores devem estar alinhadas às necessidades dos clientes, e não influenciadas por comissões mais elevadas;
- Extratos trimestrais: a obrigatoriedade do envio de extratos trimestrais aos clientes é outra novidade. Esses documentos detalham a remuneração recebida pelos intermediários financeiros, trazendo mais clareza sobre os custos envolvidos nas operações de investimento.
Conclusão
A escolha entre fee fixo e commission based depende das necessidades e do perfil de cada investidor.
O fee fixo oferece mais transparência e um melhor alinhamento de interesses entre o assessor e o cliente, sendo mais adequado para investidores com maior patrimônio que valorizam uma assessoria mais personalizada.
Já o commission based é uma opção mais acessível para aqueles que estão começando ou possuem um patrimônio menor, apesar dos potenciais conflitos de interesse.
Com a crescente demanda por transparência e as mudanças regulatórias, o modelo fee fixo está ganhando terreno no Brasil, oferecendo uma alternativa mais transparente e eficiente para a remuneração dos assessores de investimentos.
Agora que você já sabe um pouco mais sobre Fee Fixo e agende uma reunião com Marco Verdile para entender mais sobre como proteger e rentabilizar os seus investimentos.