O presidente Lula fez um “cavalo de pau” no discurso sobre segurança pública durante uma solenidade, o que representa um revés para o ministro da Casa Civil, Rui Costa. No evento, Lula afirmou que o Brasil não pode se tornar uma “República de ladrões de celular” e completou: “Lugar de bandido não é na rua”, deixando claro que criminosos devem estar presos.
A mudança de discurso de Lula segurança pública, tem múltiplos fatores. O novo ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeira, analisou pesquisas e identificou que a segurança pública está entre as maiores preocupações dos brasileiros, sendo um ponto vulnerável para o governo. Além disso, o ministro Ricardo Lewandowski pressiona pelo avanço da PEC da Segurança, ainda sem apoio do Planalto. Outro fator relevante é o próprio instinto político de Lula.
Lula segurança pública: PEC da Segurança e resistência na Casa Civil
A proposta estava travada na Casa Civil porque Rui Costa compartilha da visão da ex-presidente Dilma Rousseff: o governo federal não deve interferir diretamente na segurança pública, deixando a responsabilidade para os governadores.
A PEC da Segurança, defendida por Lewandowski, propõe maior integração e troca de informações entre as polícias, modelo semelhante ao funcionamento do crime organizado. Recentemente, PCC e Comando Vermelho, as principais facções do país, firmaram um pacto de cooperação.

O PT enfrenta dificuldades em abordar o tema da segurança e até evita destacar ações passadas, como a criação do Programa Nacional de Segurança Pública (Pronasci) nos primeiros governos Lula. O programa combinava medidas preventivas com ações repressivas e financiamento de forças policiais, mas foi descontinuado.
O ex-ministro da Justiça Tarso Genro, responsável pelo Pronasci, avalia que o governo ainda não estabeleceu uma estratégia sólida para a segurança pública. Ele defende a recriação do Ministério da Segurança Pública, criado na gestão de Michel Temer.
A promessa de recriar o ministério foi feita na campanha eleitoral, mas atualmente não está nos planos do governo. No entanto, um assessor de Lula definiu bem a mudança de tom do presidente: “a ficha caiu”.

Imagem destaque: Lula no Planalto em 12 de março de 2025 — Foto: Evaristo Sa/AFP