Ao retornar à presidência americana nesta segunda-feira (20), o republicano retoma discurso de que irá estabelecer novas tarifas e impostos sobre outros países para enriquecer cidadãos americanos. Novo governo Trump possui novos 100 decretos previstos.
A política comercial adotada por Donald Trump possui projeções de grandes mudanças para a economia mundial. Além disso, o presidente eleito destaca que os Estados Unidos vão estabelecer um “serviço de receita externa”.
“Estamos estabelecendo o serviço de receita externa para coletar todas as tarifas, taxas e receitas. Serão enormes quantias de dinheiro que entrarão em nosso Tesouro, provenientes de fontes estrangeiras”, disse Trump em seu discurso de posse.
Uma política tarifária mais dura nos EUA seria de redução nas exportações ao país, e essa é uma questão para o Brasil, com o governo Trump.
“É improvável que o Brasil escape de restrições nas exportações de produtos metalúrgicos e siderúrgicos, por exemplo. Durante o primeiro mandato de Trump, isso foi indicado, e agora deve se concretizar”, avaliou Otaviano Canuto, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e ex-vice-presidente do Banco Mundial, em entrevista à CNN Money.

Novos decretos e taxas de juros com o governo Trump
O presidente dos EUA planeja aproximadamente 100 novos decretos para a posse, mas ainda não há dados divulgados. No discurso, ele também voltou a mencionar a fronteira com o México como uma emergência nacional e não inclui na fala as questões tarifárias.
Há algumas especulações de economistas quanto aos tributos, como as consequências das cobranças. “As tarifas podem causar choques nos preços domésticos”, afirmou o ex-vice-presidente do Banco Mundial à CNN.
O efeito direto de uma inflação persistente no país seria o Federal Reserve (Fed) ter que prolongar o período de juros altos.

A ata da reunião de 17 e 18 de dezembro do Banco Central dos EUA, o Federal Reserve (Fed), já emite um alerta sobre os possíveis impactos positivos e negativos da nova política. Apesar de concordarem que a inflação tende a desacelerar ao longo deste ano, elas também reconhecem um risco crescente de que as pressões inflacionárias possam se manter persistentes, especialmente com os formuladores de políticas começando a enfrentar os efeitos das medidas previstas pelo novo governo Trump.
Joelson Sampaio, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) , aponta: “a redução do Federal Reserve não ocorrerá na mesma velocidade que um governo democrata. Isso impacta os investimentos e o capital migra para esses países que pagam mais”.
“Quando Trump menciona que os estrangeiros arcariam com as tarifas em troca de benefícios proporcionados pela economia americana, acredito que, ao serem implementadas, essas tarifas podem levar à valorização do dólar, mantendo o preço em dólar dos produtos importados. Dessa forma, o peso recai sobre o exportador, que acaba recebendo menos do que receberia na ausência das tarifas.”
Importações e Exportações
Em 2024, o Brasil superou pela primeira vez a marca de US$40 bilhões em exportações aos EUA. Mas o saldo ficou negativo em US$253 milhões, antes de US$1 bilhão em 2023 e US$14 bilhões em 2022.
A maioria dos exportados são bens provenientes da indústria de transformação — como produtos de ferro e aço —, equipamentos e partes de aeronaves, além de celulose. O setor é responsável por 78% das vendas nos EUA. O petróleo, o item mais vendido, com 14% das exportações. Combustíveis e café também estão entre os principais destaques.
“Os Estados Unidos são um parceiro estratégico para o Brasil”, pontuou Sampaio. Ele ainda destaca um possível impacto indireto das tarifas de Trump. Neste caso, a China é peça central na medida.
O presidente já havia anunciado anteriormente que pretendia taxar os produtos vindos da China, em uma escala ainda mais dura que a pensada para outras economias.

Em 2024, o país asiático foi responsável por 28% das exportações do Brasil, com maior impulso em dezembro. As importações também mostraram recuperação, embora a força no final do ano tenha sido alimentada em parte pelas fábricas que correram com os estoques para o exterior.
As exportações aumentaram 10,7% em dezembro em relação ao ano anterior, mostraram os dados da alfândega, superando a previsão de crescimento de 7,3% em uma pesquisa da Reuters com economistas, e melhorando em relação ao aumento de 6,7% registrado em novembro.
As exportações têm impulsionado a economia chinesa, que segue sobrecarregada por uma crise imobiliária longeva e pela confiança desestabilizada do consumidor.
Um outro alerta que os economistas analisam é o de se instalar uma guerra comercial entre os EUA e os países alvo de suas taxações.
Imagem destaque: Fonte: AFP