Economistas do mercado financeiro projetam um novo aumento na taxa básica de juros, a Selic, nos próximos meses. Essa seria uma estratégia conhecida como “choque de juros” no mercado financeiro, para conter a alta da inflação.
Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano, após quatro elevações consecutivas. No cenário global, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking de juros reais.
A expectativa é que a taxa Selic suba para 13,25% ao ano já nesta quarta-feira (29), durante a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), composto pelo presidente e diretores do Banco Central.
Essa será a primeira reunião sob a liderança do novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também será a primeira vez que o Copom terá maioria de diretores indicados pelo atual governo.
Especialistas acreditam que a Selic continuará a subir nos próximos meses, alcançando 15% ao ano em junho de 2025. Caso essa previsão se confirme, será o maior patamar desde 2006, no final do primeiro mandato de Lula, ou seja, há 19 anos.
As projeções se baseiam nas sinalizações do Banco Central, que indicou possíveis ajustes na Selic. No entanto, o mercado estima aumentos ainda maiores do que os já previstos pela instituição.


Indicados por Lula que decidirão Selic pela primeira vez
Os indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) compõem, pela primeira vez em seu governo, a maioria no Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a taxa básica de juros.
Entre os nove membros do colegiado, apenas dois foram nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Este será o primeiro ano desde a aprovação da autonomia do Banco Central, em que o governo atual terá mais indicados no Copom do que o governo anterior.
Em 2023 e 2024, Lula e seus aliados criticaram com frequência o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, nomeado por Bolsonaro, adversário político de Lula. Campos Neto, que deixou o cargo em dezembro, afirmou que todas as decisões relacionadas à política monetária foram de caráter técnico.
Por que o Banco Central eleva os juros?
A taxa básica de juros é a principal ferramenta do BC para combater a inflação, que afeta especialmente as classes mais vulneráveis. O BC utiliza o sistema de metas como referência: se as projeções estão alinhadas às metas, os juros podem cair; caso contrário, são mantidos ou elevados.
A partir de 2025, com a implementação do sistema de meta contínua, a meta de inflação será de 3%, considerando uma variação entre 1,5% e 4,5%.

O Banco Central baseia suas decisões na projeção da inflação futura, pois o impacto de mudanças na Selic leva de seis a 18 meses para se refletir plenamente na economia. Atualmente, as decisões consideram as metas para o primeiro semestre de 2026.
As projeções para a inflação oficial nos próximos anos estão em 5,08% para 2025 (acima da meta), 4,10% para 2026, 3,90% para 2027 e 3,58% para 2028. Todas superam a meta central de 3%.
Em 2024, a inflação ultrapassou o teto da meta, alcançando 4,83%, o que levou o presidente do Banco Central a enviar uma carta explicativa ao Ministério da Fazenda, detalhando os motivos do descumprimento.
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