Nesta terça-feira (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, iniciará o primeiro dia de reunião para debater a nova taxa de juros, Selic 2025. Previsões indicam que os juros básicos deverão alcançar 14,25% no final da reunião, nesta quarta (19).
Atualmente, a taxa Selic está em 13,25% ao ano, após elevação da mesma proporção da primeira reunião de 2025. Então, não haverá grandes surpresas caso alcance outro patamar.
Depois de março, o Banco Central adotou uma postura mais flexível, indicando que suas próximas decisões sobre política monetária dependerão da análise dos dados econômicos mais recentes.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, avalia que “o contexto econômico geral apresenta uma leve melhora em relação à reunião de janeiro”.
“Acreditamos que o Comitê continuará agindo com firmeza e prudência, mantendo um tom rígido em seus comunicados, assim como ocorreu nas últimas reuniões, devido às incertezas e desafios que ainda persistem”, acrescentou Sung.
O BTG Pactual realizou uma pesquisa pré-Copom, onde cerca de 38% dos respondentes defendem que o Copom deveria manter a porta aberta. A pesquisa aponta uma divisão do mercado quanto à postura que deveria ser adotada pela autoridade.
Uma parcela menor da pesquisa, diz que o relatório da Selic 2025deveria ser “indicando que o Copom manteve como mais adequada, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros na próxima reunião”.
Os especialistas apontam uma deterioração no cenário externo e na atividade econômica em comparação à reunião de janeiro, fatores que têm sido monitorados de perto pelo Banco Central. Por outro lado, não houve outras alterações nas projeções para a inflação nem na situação fiscal durante esse intervalo.

Se a previsão dos especialistas se concretizar, será o maior patamar da taxa Selic desde 2016.

Uma inflação resistente
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no país, acelerou a 1,31% em fevereiro, no maior avanço para o mês desde 2003, segundo a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda que a política monetária esteja em patamar restritivo, os preços seguem bem aquecidos no Brasil. Nos últimos 12 meses, a inflação atingiu 5,06%, superando os 4,56% registrados no período anterior, encerrado em janeiro.
A Suno Research enxerga aspectos positivos nos dados de fevereiro. “Depois de meses com indicadores desfavoráveis, alguns números mostraram sinais mais positivos, especialmente nos setores acompanhados de perto pelo Banco Central. O índice de difusão, que reflete a disseminação da inflação na economia, registrou queda pelo segundo mês consecutivo”, destacou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
Ele também apontou que houve uma desaceleração no aumento dos preços entre janeiro e fevereiro em setores como serviços subjacentes, serviços com alta demanda de mão de obra e na média dos núcleos de inflação, o que pode estar ligado à redução no ritmo da atividade econômica, além de bens industriais.
Apesar desse alívio, Sung ressaltou que diversos índices ainda estão bem acima do teto da meta de 4,5% e que a inflação deve continuar elevada nos próximos meses.
Em fevereiro, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a inflação deve permanecer acima da meta por algum tempo e que famílias e empresas enfrentarão um período de dificuldades. Segundo ele, os preços só devem ser contidos com uma desaceleração mais expressiva da economia.
Em relatórios, o Copom ressalta que o crescimento da economia acima do nível esperado é uma das principais preocupações em relação à inflação.

Em 2024, o PIB brasileiro avançou 3,4%, mas especialistas indicam que esse resultado foi impulsionado pelos gastos públicos.
Embora tenha sido observada uma desaceleração na passagem do terceiro para o quarto trimestre do ano passado, analistas não enxergam espaço para cortes na taxa de juros no curto prazo, pois isso dependeria do equilíbrio entre a situação fiscal e a inflação.
O banco também considera a possibilidade de um cenário de estagflação nos próximos anos, caracterizado pela combinação de retração na atividade econômica e alta dos preços, o que poderia dificultar ainda mais o controle da inflação e a retomada do crescimento.
A terceira reunião do Copom para definir Selic 2025
As expectativas para a reunião de maio para a Selic 2025 são diversas, principalmente quanto à velocidade de uma nova alta de juros.
Segundo as especulações, baseadas nos Boletim Focus divulgados, a Selic deve subir 0,5 ponto na terceira reunião de 2025 e 0,25 na quarta. Esse resultado pode alcançar 15% no início de 2026.
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